Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) dão conta que, de 25 mil caminhoneiros examinados durante os comandos de saúde preventivos nas estradas entre os anos de 2002 e 2006, 66% trabalham em excesso. Para se ter uma idéia, 30,5% deles responderam à polícia que passam de 12 a 14 horas seguidas ao volante, fator que leva ao consumo de medicamentos estimulantes e os conhecidos rebites, muito comuns entre a categoria e facilmente encontrados nos postos e lanchonetes de beira de estrada. Servem para manter a pessoa acordada, mas podem repentinamente perder o efeito e fazê-la desmaiar de repente, além de poder ocasionar paradas cardíacas e lesões cerebrais.
O estresse de horas atentos à rodovia e ainda o fator emocional, como dias ou até meses longe da família, além da pressão para a entrega da carga, levam o caminhoneiro a se refugiar de diversas formas. Uma delas é na bebida, fator decisivo para ocasionar acidentes: é assustador, mas 47% deles responderam que consomem álcool regularmente. Número que quase acompanha a percentagem que já se envolveu em acidentes alguma vez: 38,6%.
A comida, no caso dessa categoria, também pode ser vilã. 75% dos 25 mil caminhoneiros avaliados durante esses anos estão acima do peso normal, de acordo com o Índice de Massa Corpórea (IMC) calculado para cada um. O dado é conseqüência de alimentação pesada, rica em gorduras, acompanhada do sedentarismo. Conseqüentemente, muitos correm riso de desenvolver o diabetes (26% têm hiperglicemia) e colesterol alto ou no limite do aceitável não é novidade entre eles (21% estão acima do ideal). Além desses fatores, a hipertensão, muitas vezes sem o conhecimento do caminhoneiro, leva-o perto de um acidente vascular cerebral (AVC) sem que ao menos se dê conta do perigo: 34,6% deles têm pressão arterial alta e, conforme relatam os profissionais de saúde que os acompanham, eles não sabiam do fato ao fazer os exames.