sábado, 19 de junho de 2010

CHUVA DE BALA NO PAÍS DE MOSSORÓ

Quem nunca ouviu falar da beleza bucólica de Maria Bonita, da bravura e da vaidade de Lampião e de seus capangas, com certeza, conhece muito pouco da história do cangaço nordestino. No máximo deve ter sabido de causos e anedotas que davam conta de Lampião hora como herói, hora como bandido. Certeza maior é ninguém ter ouvido falar que cangaceiro fosse santo. Pelo menos até agora! Porque é exatamente isso que acontece na cidade de Mossoró, região do oeste norte-rio-grandense.

Lá pelos idos da década de 20, a trupe de Lampião já tinha saqueado, matado e esfolado por tudo quanto fosse interior do nordeste. Como de costume, o grupo analisava a região onde aportava e decidia quais seriam os melhores lugares para a “labuta”. Resolveram que a próxima parada seria na abastada cidade de Mossoró, onde pensavam obter muito lucro. A cidade tinha sido avisada, mas ninguém acreditou, a não ser o prefeito.

Na tarde de 13 de junho de 1927, no meio de uma chuva que caia, ouviram-se os primeiros disparos. Teve quem pensasse que fosse barulho de trovão. Rodolfo Fernandes, o prefeito, recebeu do próprio Lampião um ultimato cobrando 400 contos de réis pra deixar a cidade em paz. O prefeito negou o pedido. Os bacamartes cuspiram fogo...

Naquele dia Mossoró só dispunha de pouco mais de 20 soldados. O prefeito organizou a resistência e se entrincheiraram como puderam em meio a sacas de algodão. Entre uma saraivada de bala e outra, o grupo de Lampião perdeu dois dos seus mais destemidos homens, Colchete, que morreu de tiro, e Jararaca que ferido, foi capturado pela polícia.

José Leite de Santana, o Jararaca, penou quatro dias na cadeia pública da cidade, ferido no peito e nas pernas. Na noite de 18 de junho, foi levado para o cemitério. A guarda que o conduzia obrigou o cangaceiro a cavar a própria cova. O soldado João Arcanjo o sangrou, mas o povo diz que o bandido foi enterrado ainda vivo. Tinha apenas 26 anos.

Alguns dizem que Jararaca morreu de sede, clamando por um copo d'água. Mesmo oito décadas depois de sua morte, seja pelos diferentes rumos que a história toma, seja pela religiosidade pura e simples do povo, Jararaca é venerado por milhares de pessoas que acreditam que o cangaceiro é milagroso.

Todos os anos, durante o dia de finados, o túmulo de Jararaca é, de longe, o mais visitado da cidade. Apesar de mais pomposo e imponente, o túmulo do prefeito Rodolfo Fernandes, herói da resistência, pouco é lembrado pelo povo.

Episódio épico da cidade de Mossoró, a resistência ao bando de Lampião deixou cicatrizes não apenas no imaginário da população. Mesmo 80 anos depois, ainda hoje é possível ver as marcas de bala na torre da igreja e em outros prédios da cidade.



A peça

Palco de uma batalha perdida pelo bando de Lampião, no finalzinho da década de 20, a cidade de Mossoró organiza todos os anos um espetáculo contando a saga do seu povo contra o rei do cangaço. Encenada ao ar livre, a peça é protagonizada inteiramente por artistas da terra e acontece no adro da Capela de São Vicente, onde até hoje, é possível ver as marcas do confronto. Escrita pelo professor da UFRN Tarcísio Gurgel, e com música do maestro Danilo Guanais, o espetáculo é dirigido por João Marcelino, que também é responsável pelo cenário. A 6º edição da peça, conta com 70 atores que encarnam o bando de Lampião, o padre, a ‘poliça’ e o prefeito Rodolfo Fernandes, líder da resistência.

O texto

O texto lembra o episódio histórico de modo
simples e direto, como é próprio a uma obra cênica de natureza narrativa, mas revela algumas reentrâncias curiosas, que quebram a linearidade da fábula, contrapõem ideologias e insinuam a presença do povo, da arraia miúda, entre as duas forças antagônicas: o Poder Constituído, de um lado, os cangaceiros, do outro. E o povo, na verdade, é joguete manipulado e quase sempre vitimado por um ou outro lado. (Como sempre)
O bilhete de Lampião

"Cel Rodolfo Estando Eu até aqui pretendo drº. Já foi um aviso, ahi pº o Sinhoris, si por acauso rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu envito di Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, ate ahi penço que adeus querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o drº. Eu não entro, ahi mas nos resposte logo. Capm Lampião."

A resposta do prefeito

"Virgulino, lampião. Recebi o seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionários se retirado daqui. Estamos dispostos a acarretar com tudo o que o Sr. queira fazer contra nós. A cidade acha-se, firmemente, inabalável na sua defesa, confiando na mesma. Rodolfo Fernandes"

O confronto

O ano era 1927. Comandos pelo prefeito, a tímida guarda da cidade, que dispunha naquele 13 de junho de pouquíssimos homens, afugentou o bando de Lampião. Rodolfo Fernandes, o prefeito, negou-lhe os 400 contos de réis, e ainda, diminui o número de cangaceiros do bando de Lampião. Colchete morreu de tiro e Jararaca foi preso na Cadeia Pública, atual Museu Municipal Lauro da Escóssia e enterrado vivo - segundo dizem - no Cemitério Público. De cangaceiro passou à santo. O túmulo de Jararaca é venerado porque o cangaceiro é tido como milagroso. Uma verdadeira epopéia sertaneja, o encontro marcou profundamente a paisagem local e a alma da sua gente.


post via:

LAMPIÃO TAMBÉM ERA PERNAMBUCANO



TRECHO DO ESPETACULO CHUVA DE BALA NO PAÍS DE MOSSORÓ

O ÁUDIO ESTA ÓTIMO

terça-feira, 15 de junho de 2010

OS NOVOS AMIGOS DO LULA NO RN

Henrique Alves, Hugo Manso, Iberê Ferreira, Lula e Wilma de Faria

Filha do jornalista Rubens Lemos, um dos fundadores do PT, Yasmine Lemos, também jornalista, ao se deparar com uma chegada triunfal do presidente Lula a Natal, foi buscar no seu baú de recordações, a comparação.
Eis:

O presidente do Brasil esteve aqui em Natal e uma foto me fez reabrir meus arquivos virtuais e de memória.
No ano de 1980, o jornalista Rubens Lemos (in memorian) fundava com mais outros amigos, o Partido dos Trabalhadores.
Este desembarque (foto antiga) foi histórico em 1981.

Era a 1ª vez que Lula chegava em Natal para subir em um palanque e defender a candidatura de meu pai para governo do estado, numa época de "caciques", fim da ditadura e famílias que obtinham o poder e influência, além de uma liberdade extremamente vigiada.
Nesta vinda de Lula a Natal, uma foto me chamou atenção .
Passaram os anos e tempos e como vimos tudo mudou.
E a foto fala por si.

No desembarque de agora, o atual governador do Estado (PSB) abraçado ao presidente, a ex- governadora do Estado (PSB que na época pertencia a uma das famílias que citei), à esquerda, um deputado federal do PMDB (que a sua família era adversária à da ex-governadora), enfim, todos ODIAVAM O PT.

E logo atrás um ex- vereador do PT que nunca mudou de partido e acompanha desde muito tempo o presidente.
Ache o jogo de erros ou não tente entender.
Mas por favor, não tentem pensar em democracia misturada ou globalização política.
Foi apenas um fato que me marcou profundamente.
Atualmente a grande maioria dos que fundaram o partido já se desfiliaram, e meu pai , Rubens Lemos, faleceu aos 57 anos (1999) antes de todo esse espetáculo.


O QUÊ PENSAVA HUGO MANSO ?




Da esquerda Ex-ministro Francisco Welfort, Lula, Rubens Lemos, e Bruno Maranhão. [1981]

s e Bruno Maranhão) ano de 1981 .Foto: arquivo de família
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...