Governos estaduais e prefeituras têm criado políticas públicas para estimular o aumento do consumo de mel
Com o objetivo de aumentar o consumo de mel direta ou indiretamente, governos municipais e estaduais têm formulado políticas e programas de incentivo à produção local e ao desenvolvimento de habilidades profissionais entre as populações diretamente beneficiadas por elas. Conheça iniciativas de sucesso do Rio Grande do Norte, do Pará, do Rio de Janeiro, do Piauí, de Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso.
O brasileiro consome apenas 60 gramas de mel por ano, enquanto em alguns países da Europa o consumo per capita anual chega a 1 quilo. Na Alemanha, por exemplo, alcança 2,4 quilos por pessoa, por ano. A qualidade, a higiene e os diversos sabores do mel brasileiro são as principais vantagens que os apicultores têm para ganhar a confiança do consumidor e ampliar a utilização do produto no mercado interno, além de conquistar o mercado internacional.
Governos estaduais e prefeituras têm criado políticas públicas para estimular o aumento do consumo. Segundo cálculos de especialistas, se cada um dos 31 milhões de estudantes do ensino fundamental da rede pública recebesse um sachê de mel com cinco gramas, durante os 180 dias do ano letivo escolar, seriam consumidos 28 mil toneladas por ano – o equivalente a 87% da produção nacional registrada em 2004 ou 70% da produção estimada para 2006.
Qualquer município ou estado pode criar legislações que incentivem a produção, a comercialização e o consumo do mel. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), também beneficia milhões de famílias de pequenos produtores, em todo o Brasil, realizando compras de mel.
O PAA utiliza os sistemas de Compra Antecipada Especial, por meio do qual os produtos são distribuídos para escolas, creches, asilos e outras instituições, e de Compra Direta de produtos da agricultura familiar, com limite máximo anual de venda de R$ 2,5 mil.
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, o mel será incluído na merenda escolar de 45 mil estudantes das redes públicas estadual e municipal de ensino dos municípios do Alto Oeste. A iniciativa beneficiou 50 pequenos produtores.
Também vale lembrar que desde 2003 os apicultores potiguares contam com o apoio do Governo do Estado, por meio do Programa de Desenvolvimento Solidário, que garantiu investimentos de mais de R$ 2 milhões na apicultura do Rio Grande do Norte. Organizados em 70 associações, os apicultores receberam financiamentos para a construção de 63 Casas do Mel, além de um entreposto em Mossoró. A decisão de investir na formação de apicultores surgiu a partir de um diagnóstico da cadeia produtiva do mel no estado, realizado em 2002, pelo Sebrae e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O estudo revelou que, apesar do forte potencial apícola, a atividade encontrava-se desorganizada. Grande parte do mel era produzida de forma extrativista, com o uso de técnicas primitivas e com a derrubada de árvores e queimadas.
Entre 2002 e 2005, o Sebrae capacitou 3.427 apicultores no Rio Grande do Norte. A entidade desenvolveu uma metodologia própria de capacitação, adequada ao perfil dos apicultores do Estado, cuja maioria é analfabeta. Os técnicos produziram a Cartilha de Boas Práticas Apícolas, rica em ilustrações, e criaram cursos com módulos ministrados fora da sala de aula, onde se encontram as colméias.
Para auxiliar na profissionalização da cadeia apícola, em junho de 2005 foi inaugurada a Incubadora Agroindustrial de Apicultura de Mossoró (Iagram). O projeto é fruto de uma parceria do Sebrae-RN com a Fundação Guimarães Duque (FGD), a Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM) e a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
Um dos diferenciais da apicultura potiguar é a produtividade, uma das maiores do Brasil. A média anual é de 50 quilos de mel por colméia. Mesmo no ano passado, quando o Nordeste sofreu queda na produção por causa da falta de chuvas durante o inverno, os apicultores capacitados pelo Sebrae-RN atingiram produtividade de 32 quilos por colméia.
Atualmente, 5.000 apicultores se dedicam à produção de mel, no Rio Grande do Norte. A estimativa de produção para a safra 2006 é de 1,5 mil toneladas, sendo que 600 toneladas, foram exportadas para os Estados Unidos e Canadá.