sexta-feira, 11 de março de 2011

2011 ONDE EVOLUÍMOS ?


UE e Otan decidem pôr fim ao regime de Kadafi, mas ainda não sabem como
BRUXELAS — Os ocidentais, que acordaram em acelerar o fim do regime de Muamar Kadafi e entrar em contato com a rebelião, passaram em revista os recursos, inclusive militares, disponíveis para acabar com crise na Líbia antes que ela escape do controle, mas não chegaram a um consenso.
A Otan acredita que "o tempo é curto na Líbia" e, por isso, está pronta para agir assim que obtiver o mandado, declarou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Anders Fogh Rasmussen, durante uma reunião de ministros da Defesa dos 28 países aliados.
Os participantes fizeram um balanço das diferentes operações possíveis, passando em revista as opções e recursos à disposição e tarefas a privilegiar, tais como imposição do embargo de armamentos decretado pela ONU, assistência humanitária e evacuação.
Eles tomaram duas decisões concretas: reforçar a presença marítima da Otan nas regiões próximas à Líbia e avaliar a ajuda humanitária que a ONU possa fornecer.
A Otan, lembrou ainda o secretário-geral, já ampliou a vigilância aérea do setor central do Mediterrâneo, próximo à Líbia, elevando para 24 horas, em vez de 10, o tempo de patrulha de seus aviões-radar Awacs posicionados desde o fim de 2009 na região para prevenção do terrorismo.
No entanto, três condições, relembrou Rasmussen, devem imperativamente ser preenchidas antes que a Otan entre em cena.
"Se a necessidade for demonstrada, se o mandado jurídico for claro e o apoio regional forte, estaremos prontos para levar nossa ajuda", informou.
Contudo, o Conselho de Segurança da ONU ainda não tocou na questão da zona de exclusão aérea acima da Líbia proposta pela França e Reino Unido. A Liga Árabe só deve se reunir no sábado para discutir sobre a Líbia.
Já os ministros das Relações Exteriores da UE apresentaram suas opiniões durante um almoço de trabalho. O encontro foi de preparação para a cúpula especial sobre a Líbia que deve reunir na sexta-feira os 27 chefes de Estado e de governo.
A França adotou sem esperar uma posição incisiva em todos os campos, tentando incentivar o resto da UE a seguir seu exemplo.
Paris reconheceu na manhã desta quinta-feira o Conselho Nacional de Transição (CNT), que reúne a oposição líbia, como sendo "representante legítimo" do povo líbio, para a surpresa de muitos de seus partidários europeus.
Além disso, segundo uma fonte próxima ao caso, o presidente francês Nicolas Sarkozy teria a intenção de propor aos colegas ataques aéreos.
Os dois anúncios causaram polêmica e divisão. "A Itália não participará de ataques contra a Líbia", advertiu logo o chefe da diplomacia italiana Franco Frattini.
Os ocidentais se mostraram ainda muito reservados sobre a questão da zona de exclusão aérea. A Alemanha se disse cética e a Itália condicionou seu apoio a uma resolução das Nações Unidas e ao "sinal verde da Liga Árabe".
Impedir a aviação de Trípoli de voar é uma operação militar que exigirá, de acordo com alguns, o bombardeio preventivo de baterias de mísseis ar-terra líbios.
Sobre o futuro do regime líbio, a unanimidade é facilmente encontrada, pelo menos verbalmente.
O chefe da diplomacia portuguesa, Luis Amado, foi muito explícito quanto a isso. "Do ponto de vista da comunidade internacional, o regime de Kadafi acabou", assim como sua "legitimidade", disse.
Mas, apesar de "todos os ministros estarem de acordo, ninguém sabe traduzir esta intenção em ação", reconheceu o colega italiano Franco Frattini.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...