quinta-feira, 26 de abril de 2012

QUANDO A SAÚDE SE TORNA NEGÓCIO $$$


O Governo encantou-se com o canto interesseiro da sereia mercantilista e partiu em defesa da venda de medicamentos em supermercados. Estes alegam que os preços dos remédios cairiam, se comercializassem os produtos.  O Conselho Federal de Farmácia discorda veementemente e adverte: a alegação é uma balela, uma falsa justificativa para enganar a população. A proposta de comercializar remédio em supermercados, que tem no ministro da Saúde, Carlos César de Albuquerque, um ardoroso defensor, levaria inevitavelmente ao consumo errôneo de remédios e ao aumento da automedicação irresponsável, em um Brasil que já figura no triste ranking de País campeão de consumo de remédios sem receita médica e de doenças farmacoiatrogênicas (decorrentes do uso inadequado de medicamentos). Os supermercados, adverte o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Arnaldo Zubioli, querem recuperar lucro perdido com o Real. E encontraram nos medicamentos a galinha dos ovos de ouro. É lucro certo. Mas para perseguir esse lucro, os supermercados tratarão a nova "mercadoria" sob a tônica da lei de mercado. Aí, já se viu. E a saúde da população, como ficaria? O CFF responde que ficaria de mal a pior e sugere alternativas para baratear o preço, aumentar a segurança e tornar de fácil acesso à população os produtos farmacêuticos.

“O fato é que o uso de qualquer medicamento deve ser orientado pelo farmacêutico, para oferecer o melhor resultado terapêutico e diminuir os riscos de intoxicação. A venda de medicamentos, que não são produtos comuns, em supermercados, impossibilita a orientação correta e estimula a automedicação”, comentou o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge João.



"O medicamento, se utilizado de forma inadequada, pode causar mais danos do que benefícios", alerta o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo de Mello, que, no último mês, participou de audiência pública no Congresso Nacional sobre a Política de Medicamentos Fracionados. O uso indevido de remédios é considerado um problema de saúde pública não só no Brasil, mas mundialmente. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que o percentual de internações hospitalares provocadas por reações adversas a medicamentos ultrapassa 10%.

De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), só em 2010, os medicamentos foram responsáveis por 38,2% dos casos de intoxicação registrados no país. Os analgésicos, antitérmicos e antiinflamatórios são os mais usados pela população sem o atendimento às recomendações médicas. Por isso, são também os que causam mais intoxicação.

"Quando o paciente recebe atendimento médico ou assistência farmacêutica (orientações do profissional farmacêutico), ele é informado sobre os riscos que o uso irracional (inadequado) de medicamentos pode causar", explica Dirceu Raposo. Consumir medicamentos de forma inadequada ou usá-lo de forma irracional também pode causar dependência, reações alérgicas e mortes, Além disso, a combinação errada de medicamentos diferentes também oferece riscos à saúde, já que um medicamento pode anular ou potencializar o efeito do outro. "A automedicação leva ao agravamento da doença, já que a utilização inadequada de medicamentos pode esconder determinados sintomas e fazer com que a doença evolua de forma mais grave", observa o diretor-presidente da Anvisa.

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